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sábado, 16 de janeiro de 2010


                         A vida e bela...

"Às vezes eu esqueço que a vida é bonita e me 
sinto um pedaço de nada 
esquecido num canto escuro. Nem o pedaço 
e nem o escuro se fazem
 companhia. Eles não se falam. Não olham pra
 onde estão. Sentem-se sozinhos. 
O pedaço porque é pedaço e faz tempo que 
ele sonha em ser inteiro. 
O escuro porque é bem escuro e na cabeça 
dele feliz é a luz que pode 
iluminar todo o mundo. Ambos não sabem o 
que são ao certo. E parecem 
não querer saber nessa sua infelicidade 
inventada e vivida com esmero. 
Eu até entendo suas dores. Mas não 
concordo com elas. 
Há tanto que se ver de belo num pedaço.
 Há tanto que se aprender
 com o escuro. Não há nada melhor do que um 
pedaço de pizza. 
Ninguém precisa de uma pizza inteira. 
Precisa-se apenas de pedaços. 
Alguns pedaços. E o que seria do
 cinema sem o escuro?
 Sem sua presença inspiradora a 
oferecer imagens inimagináveis?
 Penso nas lojas de tecidos com seus 
pedaços de pano. 
Penso nas peças de teatro com sua
 iluminação discreta e cheia de breu. 
 E de tanto pensar em todas essas
 coisas aparentemente sem importância, 
percebo que esquecer que a vida é 
bonita é tornar-me de 
fato um pedaço escuro de algo que já
 foi inteiro e iluminado um dia.
 Porque a beleza da vida está em se
 pensar a todo momento que a vida
 de fato é bela. E aí sair no mundo vendo 
beleza na vida. Porque basta
 um suspiro nosso, um olhar cuidadoso, 
um sorriso displicente, pra tudo 
se tornar inteiro e iluminado como esse 
espelho que eu só consigo olhar 
quando percebo que do outro lado você 
está a me acenar num mundo
 bonito e delicado que eu adoro imaginar 
para nós dois."

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